Após realizarmos um
exercício intenso ou que não estamos acostumados é de certa forma
normal sentir dor muscular, mas você sabe porquê essa dor se torna
mais intensa depois de um ou dois dias?
Este processo é
conhecido como dor muscular tardia, e se manifesta cerca de oito
horas após o exercício, aumentando sua intensidade nas primeiras 24
horas e atingindo a intensidade máxima entre 24 e 72 horas. Após
esse período há um declínio progressivo da dor, e desaparece
completamente de cinco a sete dias depois da carga de exercício. É
interessante observar que a dor muscular praticamente desaparece após
alguns minutos de atividade física, mas ela retorna quando a
atividade termina.
Ainda não estão
bem definidos os mecanismos para o surgimento da dor muscular tardia.
As primeiras teorias sugerem dano físico causado pelo aumento da
tensão nas estruturas de contração dos músculos, acúmulo de
produtos metabólicos, dano estrutural aos tecidos causado pelo
aumento da temperatura muscular e controle neuromuscular alterado.
A alguns anos
atrás se acreditava que o grande culpado da dor muscular era o
lactato, mas na verdade é exatamente o contrário, normalmente o
lactato é totalmente removido de nosso organismo em menos de 2 horas
após o final do exercício. O lactato que é liberado após um
exercício muito intenso retarda a acidose e a fadiga muscular.
Explicando de forma bem simplificada o lactato ajuda a transportar
para fora da musculatura os prótons que causam a acidose, assim
ajudando a “limpar” o músculo. O lactato também é utilizado
pela musculatura como fonte de energia, pois pode se transformar em
glicose, através de um processo chamado de gliconeogênese.
Atualmente a
principal hipótese que se discute para a causa da dor muscular
tardia é a possibilidade de ser desencadeada por uma resposta
inflamatória na área afetada. Os músculos afetados por esta dor se
tornam rígidos, sensíveis ao toque e tem capacidade reduzida de
gerar força. Acredita-se que a intensidade do exercício é mais
determinante que sua duração para causar a dor muscular.
Contrações
musculares excêntricas, onde o torque produzido pelo músculo é
menor que a resistência externa, causando o alongamento do músculo,
são o padrão de contrações que provocam maior dano à estrutura
muscular esquelética. Desta forma a tensão mecânica imposta ao
músculo é mais responsável pelo dano as células musculares que
fatores metabólicos. As junções entre os músculos e os tendões
são os principais locais de sensação da dor, pois são os pontos
mais fracos da estrutura muscular, portanto mais suscetíveis ao dano
por stress mecânico.
De forma
simplificada podemos explicar a dor muscular tardia por um modelo
propondo que forças mecânicas elevadas causam distúrbios nas
proteínas estruturais das células musculares e no tecido conectivo.
Este dano causa a entrada de cálcio nas fibras musculares, inibindo
a respiração celular e produção de energia. A sobrecarga de
cálcio resultaria em uma degradação das miofibrilas e membrana
celular. A necrose celular e o aumento da pressão tecidual,
decorrente do edema local, poderiam então ativar os receptores de
dor, resultando na sensação de desconforto. O início do processo
de combate da lesão tecidual, teria início entre 6 a 12 horas após
a lesão decorrente da atividade física. O pico da atividade de
reparo seria após 48 horas do exercício.
O tratamento com
gelo é muito utilizado no combate da dor muscular, pois tem efeito
analgésico e anti-inflamatório, acelerando a recuperação da lesão
muscular.
A prevenção da dor
muscular tardia pode ser realizada através do treinamento. O
treinamento físico periódico e específico, tanto para o grupo
muscular envolvido no exercício, como o tipo de contração e padrão
de movimento executado, aumenta a resistência da fibra muscular ao
dano estrutural. O aumento da massa muscular após um período de
treinamento também aumenta a resistência muscular e minimiza a
possibilidade de danos às células musculares, consequentemente
diminuindo a ocorrência da dor muscular tardia.
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