sexta-feira, 11 de abril de 2014

IRONMAN 70.3 GALVESTON - JOGO DOS 7 ERROS.



     Mais uma experiência internacional de um atleta, veja o relato do Bruno Affonso e saiba como foi sua prova no Texas.Apesar de ser um atleta experiente e de meus conselhos acabou cometendo alguns erros que prejudicaram sua prova, mas mesmo assim fez uma ótima prova. 
    Claro que não foi uma experiência boa, pois sempre queremos realizar nosso melhor desempenho em todas as provas que participamos, mas esta experiência ruim serve de aprendizado para as próximas competições. Devemos ficar atentos a pequenos detalhes para não estragar uma preparação de meses.
     O principal objetivo do Bruno é sua estreia no Ironman de Florianópolis em maio, e tenho certeza que esta experiência negativa o fará mais ainda em sua prova.

Fernando Couto.




O Jogo dos sete erros: Uma Aventura no Texas Ironman 70.3



     Tinha tudo para ser uma excelente prova, não fossem os diversos erros dignos de um amador de primeiríssima viagem!

     Falando em viagem, escolhi fazer a prova no Texas pois coincidiu exatamente com o período que estaria já nos EUA a trabalho. E é aí que começaram os erros. Quando se está em um outro país a sua rotina é muito diferente, o que afeta os 3 pilares mais importantes na preparação para uma prova (treinos, alimentação e descanso).

     Na semana que antecedeu prova, além de diversas reuniões, aproveitei para passear, comer em bons restaurantes e sem ter local apropriado treinar. ERRO 1




     No final de sexta-feira, cheguei na Expo em Galveston para retirar o meu Kit e também a bike que eu havia alugado. Apesar de não ser uma bike muito TOP, considerei que seria muito mais prático do que transportar a minha bike desde o Brasil. Além disso, fiz um upgrade na bike colocando as rodas de carbono que o Platini (Guilherme Gabriades) havia mandado entregar no meu Hotel, o K7 de 11 marchas do Marinho (Mário Rolin), meu próprio banco e eu mesmo fiz o Fit na bike ERRO 2!!





     No sábado pela manhã segui “parcialmente”as instruções do meu treinador Fernando Couto e parti para uma pedalada no percurso e mal sabia o que me esperava. Lendo os comentários sobre a prova, eu já imaginava que encontraria algum vento no percurso e achava que estaria preparado para o vento dado o tanto de vezes que treinei na ciclovia da marginal pinheiros. O circuito da bike é uma reta plana de 45km para ir e 45km para voltar. Para o treino de sábado, a planilha era de 1 hora, então decidi que iria 30min em um sentido e voltaria outros 30 min. Qual não foi a minha surpresa que eu havia feito 23km nos 30min de ida e não tinha percebido que não era eu quem estava fazendo força para ir rápido e sim o vento forte me empurrou. Quando fiz o retorno foi que me dei conta da força do vento e os mesmos 23km da volta fiz em quase 50min. ERRO 3!
     No restante do dia de sábado aproveitei o dia com a minha esposa para conhecer a cidade de Galveston (uma ilha que se transformou em um balneário turístico) e também o centro aeroespacial da NASA que fica a 30km de distancia.  O certo mesmo era ter ficado quieto, me hidratando e me alimentando. ERRO 4



     O local da prova é agradável e a transição fica em um complexo turístico da cidade onde tem um parque aquático, aquário e um Jardim Botânico. A natação é de uma volta na água salgada, a bike é uma ida e volta até o final da ilha em um asfalto impecável e a corrida são 3 voltas nesse parque. O número total de inscritos dessa prova foi de 2300 atletas.

     No dia da prova, coloquei o despertador com o horário do Brasil (2hrs de diferença no fuso), mas foi só quando entrei no carro me dei conta que eu ainda tinha 2 horas para “descansar”. Voltei para o quarto e obviamente não consegui dormir. ERRO 5



     Chegando no local da prova com muito frio, chuva e vento, tínhamos que deixar a transição às 6:45 e a minha largada era somente às 8:10. Ou seja, a minha largada seria somente 4 hrs depois de eu ter tomado café da manhã (pois acordei no horário errado) e não tinha levado nada para comer. ERRO 6
      A natação foi outra peculiaridade por 2 motivos. O primeiro é que a cada 5 minutos saia uma onda de atletas agrupados em Age Group. Isso foi, no meu caso, muito ruim pois as 2 baterias precedentes a minha eram de mulheres e por diversas vezes acabei “trombando” com atletas em um ritmo bem mais lento. Outra particularidade foi a correnteza. O mar estava muito agitado e deu muito trabalho para os salva-vidas que a todo momento estavam resgatando os nadadores e levando até o píer. Apesar disso, concentrei muito na técnica da braçada e consegui fazer um tempo satisfatório (31min) e 125o no geral.
     Saí para a transição me sentindo bem e assim que peguei a bike sabia que tinha que tirar proveito dos 45km de vento a favor. A minha meta era, sempre que possível, ficar acima dos 40km/h nessa primeira metade e voltar com o vento contra girando bastante com uma cadencia de 90rpm sem forçar muito. A chuva e a areia na pista acabaram sendo alguns problemas que eu não esperava, e ao final da bike eu percebi que eu tinha cometido o maior de todos os erros: Ingeri menos de 500ml de líquidos durante toda a bike. A chuva e o vento me trouxeram a falsa sensação de hidratação! ERRO 7. 
     No fim, consegui segui seguir bem a tática da bike fechei com 2h23min (37.6km/h de média) e 176o no geral.
     Por fim chegou a corrida, fiz uma rápida transição logo encaixei o meu ritmo planejado de 4:30min/km. E assim foi até quase o km5. Depois disso acredito que comecei a pagar por todos os erros que cometi durante a semana. Má alimentação, descanso, hidratação precária, etc. Sabia que eu teria longos 16km pela frente mas que a maior batalha seria mental. Nos 10km seguintes, parei 6x pois estava passando muito mal e meu tempo subiu para quase 6:00min/km. No km 17, algum estalo aconteceu e eu me senti muito bem novamente, voltando a rodar a 4:30. 
     No fim, fechei em  1h46min (5:05km/min) com a  237o corrida do dia


     Durante boa parte da corrida pensei que, apesar do sofrimento, eu deveria tirar proveito de tudo aquilo que eu estava passando. Evitar os mesmos erros, saber lidar com os desconfortos da prova esperando que uma hora vai passar e ouvir mais atentamente todas as instruções do Fernando Couto. Essas são as lições que eu aprendi nesse longo domingo e certamente me fizeram um atleta melhor. Bora Treinar