Conciliar a musculação
ou o treino de força com o treinamento de maratonas e modalidades de
longa duração, como ciclismo, natação ou esqui, por exemplo,
ainda é um assunto que gera polêmica. Existem treinadores e atletas
que defendem que não se deve realizar exercícios de musculação no
processo de treinamento de modalidades de longa duração, pois
deixariam as pernas “pesadas” e “travadas”, ou o atleta
aumentaria muito seu peso corporal, comprometendo seu desempenho.
Entretanto cada vez mais são utilizados exercícios de musculação
no processo de treinamento de esportes de fundo proporcionando ótimos
resultados aos atletas.
Se levarmos em
consideração que em provas de longa duração quanto menor o peso
corporal o atleta ficaria mais leve e consequentemente mais rápido,
o fato de evitar exercícios de musculação até faz um certo
sentido. Na busca da melhor relação watts por quilograma alguns
treinadores focam muito na redução do peso corporal dos atletas, as
vezes até comprometendo seu peso magro, ou sua massa muscular. Mas
estudos demonstram que a utilização de exercícios de musculação
no processo de treinamento de provas longas proporciona aumento na
força e potência dos atletas sem comprometer seu desempenho. A
musculação também tem um importante papel na prevenção de
lesões, além da manutenção da massa magra.
Os movimentos
repetitivos e o impacto da pisada na corrida por exemplo, podem
sobrecarregar pernas,braços e costas. A musculação têm um
importante papel na prevenção de lesões através do fortalecimento
das estruturas neuromusculares, além de adaptações que melhoram a
mecânica do gesto esportivo proporcionando um movimento mais correto
evitando desgastes nas articulações, tendões e músculos. Os
músculos bem desenvolvidos geram economia de movimento através da
eficiência do gesto motor, proporcionando ao atleta menor consumo de
energia e melhor desempenho.
Em provas
extremamente longas o nosso organismo pode entrar em processo
catabólico, explicando de forma simplificada, podemos utilizar a
musculatura como fonte de energia, já que todos os
outros nutrientes já foram esgotados.
Desta forma um organismo mais treinado terá mais massa
muscular e sofrerá menor desgaste nas competições. Outro fator
importante é que com o avanço da idade nosso corpo perde
naturalmente massa muscular e a musculação pode retardar esse
processo.
Mas apesar de
todas as vantagens o treinamento de força deve ser realizado de
forma específica, distribuído corretamente ao longo da temporada.
Deve ser realizado um trabalho de qualidade, dosando sua frequência,
volume, intensidade, tipo de treino e descanso. Um ganho de massa
excessivo ou um exagero no volume de treino de força pode
comprometer o desempenho do atleta, devido ao ganho excessivo de
peso, limitação do movimento e contração muscular inadequada.
Basicamente são
utilizadas três formas básicas de força durante a preparação,
Força Máxima, Resistência de Força e Força Explosiva ou
Potência. A Força Máxima é a maior força que o sistema
neuromuscular pode mobilizar através de uma contração máxima
voluntária (Weineck, 1999). A Resistência de Força é a capacidade
de resistir à fadiga em execuções prolongadas de força com cargas
submáximas (Fleck e Kraemer, 1999). Força Explosiva pode ser
definida como a maior força produzida na menor unidade de tempo
(Zatsiorsky, 1999).
Durante a
periodização podemos utilizar diferentes metodologias de trabalho
de musculação, um exemplo pode ser utilizando inicialmente uma fase
adaptativa, em que o organismo é preparado para o trabalho que será
realizado ao longo da temporada. Esta fase pode até utilizar
elementos de hipertrofia. A próxima fase entra o trabalho de força
máxima, seguido pela resistência de força e pelo trabalho de
potência.
Procure um
profissional capacitado para montar sua periodização e incluir o
treino de força da forma mais adequada para que consiga melhorar seu
desempenho em seus desafios e diminuir as chances de lesões durante
o processo